Chove. O céu está cinzento e carregado de nuvens. Lá bem alto, no topo da montanha; a neblina adensa-se... Parece mais um dia de Inverno, mas não. O Inverno já vai longe, a Primavera está no seu fim e o Verão aproxima-se. Mas não aqui... Aqui, é apenas mais um dia de chuva. E o que eu preciso de sol, de luz... Chegam-me notícias de casa, está sol e calor em Portugal... nesta altura a saudade já me aperta o peito... sinto saudades da nossa luz, do nosso sol maravilhoso. Sinto saudades da família, dos abraços, das conversas com as pessoas, ali, bem perto de mim... Sinto saudades dos serões serenos, quentes e de céu estrelado na varanda; sinto saudades até das mais pequenas coisas... Há quem diga, que só se dá valor, quando se perde, ou se está longe. No meu caso, não é verdade, eu sempre amei Portugal. De coração. De alma. Sempre achei o nosso canto à beira mar, um pequeno paraíso. O meu paraíso. Mesmo com todas as suas dificuldades e problemas, sempre foi neste canto que eu quis viver. Gosto de viajar, conhecer. Mas viver... para viver, este é o meu país. Poderia até correr mundo, mas voltar sempre, para a minha casa. Não é uma questão de patriotismo. É identidade. As minhas raízes, as minhas gentes, a minha cultura, tudo o que me torna eu, está comigo, é certo, mas está sobretudo ali. Mas falava eu, do valor que se dá às coisas. O valor sempre dei. É um país que me encanta, cada vez que conheço mais um bocadinho seu. A única diferença talvez, em estar longe, é que damos por nós, a sentir falta de coisas, que nunca pensámos até ali... que era natural estarem ali ou serem assim. Falo de entrar numa pastelaria e ver os nossos bolos, as nossas comidas, falo de andar pelas ruas e ouvir falar na nossa língua, uma língua que não estranhamos... e de ouvir risos, conversas animadas, numa rua, numa esplanada... Os Suíços são um povo mais contido, as ruas são muito mais sossegadas e calmas, mesmo que estejam cheias de gente. Falo até, de toldos, é verdade... parece disparate, mas quando chego a Portugal, e olho para as ruas e lojas e percebo tudo o que está escrito e vejo as nossas marcas, os nossos produtos, tudo o que me é familiar... estou em casa. Quando chego ao aeroporto de Lisboa, isto acontece-me sempre. Aqui, podemos morar mais de um ano em determinada rua, passar quase todos os dias, por determinada loja, e não perceber nada do que lá está escrito. Claro, que à medida que se vai aprendendo a língua, isto vai-se alterando, mas demora, leva o seu tempo.
Tempo... O poder que esta palavra tem. Se há coisas que demoram na vida, há outras que passam rápido demais... Vejo a vida a correr, as crianças a crescer, os meus sobrinhos. E tudo isto se perde, não se está lá para acompanhar... Outros sonhos e projectos se adiam e a pergunta surge na nossa cabeça, como se de um alerta se tratasse, ainda irei a tempo ? Ainda terei tempo ? Não sei a resposta a estas perguntas... Penso apenas para mim, no meu íntimo, um, espero ter... espero que sim.
Quanto à saudade, há um mundo dela no meu peito. Haveria muito mais a dizer... mas nesta altura, falta-me os cheiros doces da Primavera. Luz, um sol aberto, bonito. Céu azul, abraços e mar. Muito mar.
Estas fotos de hoje, são imagens de um pequeno paraíso. Um porto sereno e muito bonito. São imagens tiradas num Outono, que quis ser Verão, captadas quase, em Novembro. O nosso país é maravilhoso, não é ? :)
Portinho da Arrábida, 20 de Outubro de 2014
• Sorrisos • Abraços • Beijos • Amor
• Manos • Bebés • Sobrinhos • Família
• Sol • Mar • Gaivotas • Cheiro a Maresia • Vento no rosto
• Varanda • Libelinha no quarto • Campo • Cheiro a Flores ••• Casa.
* Estas palavras soltas, andam sempre comigo; basta olhar para o visor do meu telemóvel.
Mas acima de tudo, estão no meu coração. ♡
* Autoria das fotos - Life, Love and Photograph