11 de maio de 2014

Condição Humana..

 Menina Siria, na sua casa em ruinas, após um incêndio causado pela guerra - Foto de autor desconhecido

Ninguém escolhe onde nasce e a que família pertence.. é algo que nos é impossível escolher.. Como seres humanos, crianças, bebés.. Nascemos onde a nossa família está, seja num meio mais afortunado ou num meio mais humilde e pobre e muitas vezes em circunstâncias terríveis.. Como crianças que nascem e crescem num pais em guerra por exemplo.

Na realidade actual, no meio de tanta tecnologia, de tantas redes sociais, penso que a consciência social é cada vez menor.

Esta semana numa rua de Lisboa, vi um Senhor, numa cadeira de rodas, sem os membros inferiores a pedir esmola.. Subi a rua, olhei para ele, vi as pessoas a passarem, muitos nem olham, senti como se tivesse levado um murro no estômago.. Agarrava uma pequena caixa e olhava as pessoas com um olhar vago.. sem esperança.. Pensei para mim, que ao descer a rua iria ter com ele e assim o fiz.

Ajudei com o que podia ajudar, a caixa dele estava praticamente vazia, olhou-me com um olhar tão triste, mas tão triste e disse-me Obrigado, partiu-me o coração.. Senti que estava a fazer tão pouco..

Ouvi algures, penso que por um psicólogo, que na nossa vida, temos tendência a nos distanciarmos porque é muito duro, vivermos, convivermos diariamente com realidades tão difíceis.. Talvez falasse do aperto que senti, mas e quem está lá ... E quem passa por isto, vive e sente na pele ?

Podia ser eu naquela cadeira de rodas, sem quaisquer posses ou meios para subsistir.. Podia ser eu a criança que ficou sem os pais numa guerra estúpida, ou podia ser a mãe dela.. que devido á guerra parti e a deixei só neste mundo..

Há pouco tempo vi uma reportagem sobre os refugiados da Síria, vi uma família em que as crianças devido á guerra perderam a mãe.. Uma guerra que já vai no quarto ano..

São crianças que cuidam de crianças, criam os irmãos e tomam conta do pai .. Que devido a guerra e à perda da mulher ficou completamente afectado psicologicamente e regrediu para um estado quase infantil.

Uma das meninas, a Halla, contava a Angelina Jolie que tinha sonhado com a mãe, que tinha muitas saudades dela... que acordou a meio do sonho e tentou novamente adormecer e voltar a sonhar .. mas não conseguiu.. Conta que tem saudades da mãe os deitar e das historias que lhes contava..

Estes irmãos apoiam-se da maneira que podem numa pequena barraquinha, tratam do pai, dão-lhe medicamentos, vivem do que conseguem apanhar dos destroços e vendem..
Contam que eram uma família normal que iam a escola, que brincavam no jardim, quando as bombas vieram.. O mesmo jardim que Halla diz que tem saudades do seu verde e de brincar nele..

Chorei ao ver esta reportagem, há uma pequena parte em que um dos meninos pergunta a Angelina se ela tem filhos, ela responde que sim e a preocupação dele, era com quem estavam.. se estavam sozinhos.. e repete a mesma pergunta varias vezes quase numa aflição...tocante... arrepiante ..

Estas crianças ao contrário de muitos tablóides, não querem saber se é mulher de um actor conhecido.. Ou qual foi o vestido que levou a uma festa.. Eles querem saber se as crianças tem pai.. E se estão sozinhas.. Isto é a preocupação deles..

Falta-lhes a mãe, o seu carinho, a sua protecção, o seu cuidado, falta-lhes um pai capaz de os proteger, estes meninos deixaram de ir a escola, foram forçados a crescer, a sua infância, o seu tempo de serem meninos, foi-lhes roubado.. tão triste .. É tão triste..

Acho sinceramente e esta é a minha opinião, que as pessoas estão mais frias, mais preocupadas consigo mesmas, mais egoístas, há excepções claro e ainda bem.. Mas vivemos numa sociedade em que as pessoas são cada vez menos amáveis, em que se formos numa rua e nos derem um encontrão, muitas vezes, não se ouve um desculpe, ouve-se cada vez menos um Obrigado, quantos de nós já cumprimentámos alguém e não nos responderam de volta ou falaram conosco de forma rude, sem qualquer razão..

Dizem que são os tempos difíceis, a crise, a falta de dinheiro, a falta de trabalho.. há menos tolerância.. mais desespero..

 Acredito, mas e então e aqueles, que não tem nem dinheiro, nem tecto, nem emprego, que ainda cuidam de pessoas doentes ? E mesmo assim ainda se preocupam com os outros..

Estes tempos que dizemos que são difíceis, não nos deviam tornar mais humanos e fazer-nos dar valor ao que temos, que possivelmente até não é assim tão pouco.. Somos pessoas cada vez mais insatisfeitas, devíamos agradecer mais o que temos e olharmos em redor e termos consciência de outras realidades e fazermos o exercício simples de nos pormos no lugar do outro..

A pergunta depois de ver a história da Halla e dos seus manos, que surgiu na minha mente foi esta : e como podemos ajudar  ? Usem as redes sociais para divulgar estas mensagens e vídeos, quem tiver a possibilidade, aceda aos Sites Oficiais ( Unicef, por exemplo ) e contribua.

Há quem diga que a Angelina Jolie, quanto aos seus filhos adoptivos, que é uma forma de se " auto-promover ", eu não acredito nisso, mas quem pensa assim e mesmo que assim fosse, não vê .. Que ela deu um lar a um menino vietnamita, deu uma família a um rapazinho do Cambodja e a uma menina da Etiópia.. Não é isto que é importante.. Que estas três crianças tem um lar, uma família e um futuro ?

Não, eu não critico em nada a Angelina, pelo contrário, eu própria se fosse aos países que ela tem visitado nas suas viagens humanitárias, também os iria querer trazer a todos, todos aqueles meninos e meninas para casa.. Essa também seria a minha vontade.. mesmo sabendo que é impossível ..

Sim, penso que devemos valorizar o que temos, sermos humanos, no nosso dia-a-dia, com quem nos rodeia, sermos mais amáveis e simpáticos e olharmos em redor e termos consciência que há realidades muito duras, muito piores que a nossa e que precisam de ajuda, como meninas que são obrigadas a casar com homens de 50, 60 anos, como as adolescentes nigerianas que foram raptadas e que as mães desesperam para que elas voltem para casa..

 Para mim, estas histórias, que são bem reais merecem ser contadas.

 No fim do vídeo, a pequena Halla diz : 

Se eu pudesse estar com a minha mãe por mais um dia ..
Eu deitar-me-ia ao lado dela, para ela me contar uma história de embalar, diria, eu amo-te mamã, tenho saudades tuas, fica conosco..

Aqui deixo o vídeo desta família Síria  - Angelina Jolie visits Syria refugees
Aqui, o vídeo da Catarina Furtado - Continuamos à Espera
Site da Associação - Corações com Coroa
Site da UNICEF - Children of Syria
Biografia da Angelina Jolie
Biografia da Catarina Furtado

E por último esta música que retrata este post - Faithless - Bombs
Divulguem este Post e os Vídeos, Obrigada


Crianças refugiadas Sirias - Foto de autor desconhecido

2 comentários:

Obrigada pelo teu comentário ❤ Responderei aqui.

Memórias de um amor..

Saudade..

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